Clima
Presidente Lula critica duramente os países ricos e afirma que Brasil poderá fazer sacrifícios financeiros pelo clima
Publicada em 18/12/2009 às 10h00m
Chico de Gois, Deborah Berlinck, Roberta Jansen, enviados especiais
COPENHAGUE - Depois de iniciar seu discurso na plenária de chefes de Estado na Convenção das Nações Unidas para Mudanças Climáticas dizendo que se sentia um pouco frustrado por perceber que um acordo final estava cada vez mais difícil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cobrar mais ação dos países ricos, disse que o encontro de ontem não deveria servir para barganhas, insistiu que, apesar de a responsabilidade por encontrar soluções para evitar o aquecimento global ser de todos, ela deve ser diferenciada e, surpreendendo até mesmo a delegação brasileira, anunciou que o Brasil está disposto a colocar recursos no fundo verde internacional, o que vinha sendo rechacado pelo governo brasileiro ate então.
Lula falou cerca de 15 minutos e foi o único a ser aplaudido em pelo menos quatro ocasiões. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que falou logo apos Lula, disse que não estava na Conferência apenas para falar, mas para agir, não teve uma recepção tão calorosa. Só foi aplaudido no final.
- Se for necessário fazer um sacrifício a mais para que saiamos daqui com um acordo, o Brasil esta disposto a colocar recursos no fundo. Estamos dispostos a participar do financiamento, se nos colocarmos de acordo - declarou, lembrando que o Brasil devera investir US$ 166 bilhões, em dez anos, em ações de mitigação.
- O que não estamos de acordo é que as pessoas mais importantes do planeta assinem um documento para dizer apenas que assinaram um documento - discursou, sendo muito aplaudido nesta hora, inclusive pela imprensa internacional que acompanhava suas declarações.
No entanto, apesar de se declarar um otimista excessivo, Lula deu a entender que vê com pouca esperança a possibilidade de um acordo.
- Se não conseguimos fazer até agora este documento, não sei se algum anjo ou algum sábio descera nesta plenária e nos colocara a inteligência que nos faltou ate agora. Como acredito em Deus e em milagre, isso pode acontecer e quero fazer parte dele (do milagre).
Lula destacou, mais uma vez, que os países em desenvolvimento não podem ser culpados pelas emissões dos ricos, que cresceram nos dois últimos séculos. Mas observou que os países ricos também não podem ser considerados como os salvadores do planeta.
- Sou extremamente otimista, mas e preciso que a gente faca um jogo não pensando em ganhar ou perder. E verdade que os países que derem dinheiro tem direito à transparência para ver se os projetos estão sendo desenvolvidos. Mas precisamos tomar muito cuidado com esta intrusão (sic) nos países pobres - afirmou, lembrando que as ações do Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, causaram prejuízos e danos para os países pobres.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
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