domingo, 17 de janeiro de 2010

Lula não quer prévias no PT de Minas.

Política

Entrevista

Aceno para pacto com PMDB

Fernando Pimentel ex-prefeito de BH e pré-candidato do PT ao governo de Minas

Ezequiel Fagundes

Menos radical, mas ainda disposto a costurar acordo para ser o candidato do PT ao Palácio da Liberdade sem a realização de prévias, Pimentel nega mal-estar com Patrus e se reaproxima de Hélio Costa. Para ele, pesquisas e articulações vão indicar o melhor nome.

O senhor concorda em disputar prévias com o ministro Patrus Ananias? Não temo a disputa. Mas, politicamente para o PT, para o projeto da candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff e a continuidade do governo Lula, a prévia deve ser evitada. Todas as lideranças nacionais do PT concordam com isso.

Até o presidente Lula é contra a prévia? Inclusive o presidente. Ele disse para mim e para outras lideranças do partido. Ninguém quer prévia em Minas e algum motivo eles devem ter. Ganhar ou perder a prévia não importa, o que vale é a construção de uma chapa forte para vencer as eleições em Minas.

Aliados do ministro Patrus estariam tentando convencê-lo a desistir para apoiar a sua candidatura. O senhor acredita que ele pode ceder? Acredito que seja possível. Mas desistir ou não de uma candidatura é uma decisão de foro íntimo. Deveríamos trabalhar com a ideia do convencimento político de qual é o melhor desenho para a chapa do PT em Minas em 2010. Defendo que haja coligação com o PMDB. Acho que o ministro pode fazer parte desse acordo. Ele é uma pessoa partidária, nós temos relações pessoais fraternas, então podemos chegar a esse entendimento.

Recentemente, o ministro Patrus disse que o senhor está numa situação delicada e que sua candidatura é de tapetão. O clima esquentou entre vocês dois? Acho que essa declaração refletia um clima anterior. Ele fez uma análise um pouco equivocada e exagerada. Isso não altera a disposição de tentar achar um caminho que evite a prévia.

É verdade que o senhor e o ministro Hélio Costa (PMDB) voltaram a se reunir para discutir a coligação? É uma aproximação? Há um mal entendido. Nunca fui contra uma coligação com o PMDB. Acho que é fundamental essa coligação porque teremos a oportunidade de ganhar as eleições. O que talvez tenha sido mal entendido é que nós defendemos a candidatura própria dentro do PT, sem descartar a aliança com o PMDB.

Mas isso é uma contradição. Não tem contradição nenhuma. O ministro Hélio Costa disse recentemente que aceitaria a ideia de um conjunto de pesquisas para escolher o nome do candidato. Não há nenhuma contradição em o PT querer ter candidato próprio e querer sentar com o PMDB para construir um palanque único, ainda que esse palanque único, mais na frente, possa ter um peemedebista na cabeça de chapa.

Então essa aproximação do senhor com o ministro Hélio Costa está ocorrendo de fato? É claro. Da minha parte, nunca houve afastamento. Considero o ministro Hélio Costa um homem público qualificado, um amigo estimado. Estivemos juntos em várias ocasiões, mas tivemos um breve intervalo em 2008, quando ele ficou ao lado do seu candidato e nós fechamos uma aliança com o PSB, mas isso já passou.

Encontrar um nome viável para ser vice da ministra Dilma está mais difícil do que o senhor imaginava? Não vejo essa dificuldade. O que tem que ser definido é a coligação nacional com PMDB. O natural é que o vice seja indicado pelo PMDB.

O nome do ministro Hélio Costa está mesmo sendo cotado para ocupar essa vaga? Neste momento, sim. Pelo menos uma parte do PMDB está discutindo isso. Mas nós não podemos indicar nomes do outro partido.

Se ele for mesmo indicado, o impasse em Minas fica resolvido? A equação de Minas Gerais fica mais definida porque o PMDB, até onde eu entendo, não tem outro candidato a governador do Estado. Nesse caso, seria natural que a coligação mineira fosse comandada pelo PT. Essa decisão, no entanto, não será tomada levando em conta somente o quadro de Minas Gerais, mas de todo o país.

Então o deputado federal Michel Temer (PMDB) está descartado como possível vice da Dilma? Não. Eu volto a dizer que é o PMDB que vai indicar o nome. O deputado Temer continua sendo cotado.

A ministra Dilma pode mesmo ter dois palanques em Minas por causa do impasse entre PT e PMDB? Vamos trabalhar ao máximo para evitar isso, não que seja totalmente ruim. Tudo indica, por exemplo, que, no Rio, nós teremos o apoio do ex-governador Anthony Garotinho (PR) e do governador Sérgio Cabral (PMDB). A questão de ter ou não dois palanques enfraquece regionalmente. A união do PT e do PMDB em Minas forma uma força poderosa numa eleição de governador. Equilibra a disputa com um adversário respeitabilíssimo, o vice-governador Anastasia, que terá o apoio do governador Aécio Neves. Nós não temos a ilusão de que iremos vencer um adversário tão qualificado separados.

Publicado em: 17/01/2010

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